Na Umbanda é muito comum vermos a utilização de certos vinhos em oferendas, especialmente os vinhos licorosos e os frutados (comumente o Moscatel). Mas por quê?
Existem algumas diferenças muito interessantes entre estes tipos de vinho e os demais:
Vinho Licoroso
Sua principal característica é a doçura causada pela alta concentração de açúcar residual nos vinhos, que pode ser adquirido pela super maturação das uvas (colheita tardia) ou pela interrupção do processo de fermentação, como é o caso dos vinhos do Porto. Além disso, o vinho licoroso possui um teor alcoólico mais elevado que os demais; segundo a legislação brasileira, o termo licoroso se refere a rótulos com teor alcoólico natural ou adquirido de 14% a 18% em volume. Por consequência, o torna mais volátil, algo que alcança o plano etérico mais facilmente.
Vinho Frutado
É um vinho cujo aroma e sabor remete a outras frutas. Dentre os frutados, o mais famoso é feito com uvas Moscatel.
“Moscatel: Vem da Grécia e possui uma uva bastante adocicada.”
Moscatel é uma família de uvas que talvez estejam entre as mais antigas da história. E, sejam tintas ou brancas, as uvas desta família têm um ponto em comum: são muito aromáticas.
Os aromas da Moscatel remetem a frutas como damasco, pêssego, nectarina e laranja, mas também a rosas, jasmins, a mel…
Mas uma peculiaridade mais interessante da Moscatel é produzir vinhos que, curiosamente, trazem aromas de uvas. O único aroma de fruta que raramente se encontra em um vinho é justamente o aroma de uva, sabia?
Agora, associar as frutas à Orixás e Entidades é fácil mas, e o açúcar? Tanto os vinhos frutados quanto os licorosos tem esse elemento em seu estado mais natural…
O Açúcar representa as coisas doces da vida, o amor, o sucesso, o reconhecimento, o retorno ao lar. Também, pode representar Deus, pois é ele quem coloca o açúcar em nossa vida, dando forças para carregar nosso fardo, mas, o mais interessante ainda está abaixo:
O trabalho mediúnico gasta tanto energia nervosa quanto física, chegando a corresponder ao mesmo grau de energia de um atleta profissional.
Dentre os preparativos básicos para tal, podemos observar uma lista que nos interessa muito:
Não comer alimentos refinados, como açúcar farinha de trigo, fubá, sem que estejam o máximo perto de seus estado natural. (isso ocorre nos vinhos frutados e licorosos!) Ingerir farinha de trigo integral, farinha de mandioca grosseira (conhecem?), melado (muitas vezes substitui o mel em oferendas), rapadura, frutas e vegetais preferencialmente crus ou cozidos com casca e ingeridos com casca, e sempre que possível o farelo de trigo.
Eis os motivos de utilizarmos preferencialmente vinhos frutados / Moscatel / Licorosos em nossos trabalhos.
Aluá
Da mesma forma existem casas que não gostam de usar vinhos ou bebidas industrializadas no culto a Orixá, preferindo uma bebida feita artesanalmente conhecida como Aluá.
Mas o que é o Aluá?
Encontramos resposta no livro História da Alimentação no Brasil (1º volume) / Luis da Camara Cascudo:
A técnica era nativa mas coincidente com todas as demais dos povos nessa fase primária de utilização de frutas para bebidas, sementes, raízes. Equivalia à cerveja dos ambundos, ualua, quimbombo, capata, pombe, garapa, ou lud dos haussás da Costa da Mina, todas de milho cozido, provável fonte denominadora.
Trouxeram os africanos o nome que aplicaram a uma bebida já fabricada pelos brasilienses. Popular no Brasil nortista foi o aluá de milho, leve e saboroso, de nome árabe ou africano.
Os nossos indígenas faziam no Abatii um antepassado do aluá apenas sem açúcar e mais entontecedor.
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